Começo a fatigar-me da lassidão, sonho com um futuro longíquo e esqueço que a morte paralisante me apanhou. É prerrogativa do homem louco sonhar-se criatura fatal e pensar que rachou a história do mundo ao meio como pensei, em Ecce Homo, ter feito. Mas aniquilado fui eu e não o mundo, a natureza afugenta as idéias, mesmo as mais nobres, em benefício da simples existência animal: a vida é a sua meta, e todos os meus pensamentos são como palha fina ao vento do destino cósmico.Destituído do meu derradeiro véu da ilusão - o poder das idéias - contemplo o "vazio" com terror, mas assim mesmo me apego à vida, pois só viver me resta na destroçada paisagem do intelecto.Todo raciocínio é uma forma de decepção própria, mas em estado de euforia não consigo examinar-me e julgo possível encontrar a felicidade no reino da morte, totalmente dissolvido no Nirvana. Oh! estar vivo, vegetar estupidamente, mas assim mesmo estar vivo o calor do sol!Na ausência de todo o desejo ainda sobra o desejo de viver, mesmo que cada hausto seja agonia e a morte contenha a promessa de curar a dor. A morte está em nosso poder, mas não a vida; e como a vida nos repele agarramo-nos a ela num firme desespero, como a criança que empunha uma lâmina de aço. Agora luto pela vida com o mesmo pânico cego com que lutei nas entranhas da minha mãe, pois só pensar na existência me faz medo. Anseio, porém, por entrar na luz do dia.
16 de abril de 2008
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