"Sou obrigado a me sentar nos degraus da igreja num estado de admiração emudecida diante da beleza da floresta e das estrelas acima de minha cabeça, mas é mais do que posso suportar.
Baixo os olhos para fitar uma pequena cavidade nos degraus de pedra e ali, em meio à escuridão, a quinze centímetros de mim, no fundo da estreita fenda formada pelas grosseiras lajes de granito, cresce
Baixo os olhos para fitar uma pequena cavidade nos degraus de pedra e ali, em meio à escuridão, a quinze centímetros de mim, no fundo da estreita fenda formada pelas grosseiras lajes de granito, cresce
uma belíssima flor roxa. É uma não-te-esqueças, cinco pétalas púrpuras irradiando da mandala central de uma estrela amarela de cinco pontas, esticando-se bravamente na direção da luz com uma força vital extraordinária, e sou a única testemunha da coragem de sua luta. Nesse momento sou levado a compreender que não só seres vivos minúsculos, belos e delicados como esses devem estar energizados de amor, como também as rochas inanimadas que os cercam, tudo que dá e que recebe, reflete e absorve, resiste
e se entrega, e me dou conta, talvez pela primeira vez, que o amor nunca é desperdiçado. O amor pode ser negado ou ignorado, ou até deturpado, mas ele não desaparece: apenas troca de forma, até
que estejamos conscientemente prontos a aceitar seu mistério e poder. Isso pode levar um momento ou uma eternidade, e não há insignificâncias na eternidade. E se isso é verdade, então devo continuar a rememorar minha história e tentar extrair algum significado dela, tentar recontar a insípida prosa de minha vida como
se fosse uma espécie de poesia transcendental."
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