Era uma vez...


"Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa
um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã,
o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando...cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas..."

19 de janeiro de 2014

Era uma vez...


Era uma vez uma velha índia que vivia às margens do Oceano Pacífico. Ela era muito velha e também muito pobre.  Morava numa cabana de palha quase caindo aos pedaços, mas ela não tinha filhos que pudessem acolhê-la nem sabia para onde ir. Alimentava-se normalmente com pequenos peixes que pescava ou com mariscos que recolhia entre as rochas do mar. Nos dias de chuva, passava muito frio e sentia medo, sabia, no entanto, que tão logo o sol viesse e o céu limpasse, poderia sair e encontraria pequenos peixes e mariscos em abundância e, algumas vezes, também pedaços de madeiras com os quais poderia acender uma pequena fogueira e se aquecer.
Numa certa noite, caiu dos céus uma grande tempestade, raios e trovões cruzavam os céus e faziam um barulho ensurdecedor. A velha não conseguiu dormir, mas esperou, pacientemente, certa de que na manhã seguinte, encontraria entre os rochedos da praia muitos mariscos e pequenos peixes e que, pelo menos por algum bom tempo, não se preocuparia com o que comer. Assim foi. No dia seguinte, tão logo os primeiros raios de sol apareceram no céu, ela saiu de sua choupana e rumou em direção à praia. As ondas ainda estavam muito fortes e revoltas, foi com dificuldade que ela conseguiu chegar até os rochedos.
Enquanto recolhia alguns mariscos, uma onda muito forte veio e derrubou-a. Ainda atordoada, ele colocou as mãos no chão para se firmar e sentiu escondida na areia o que parecia ser a pata de algum animal, ao puxá-la, descobriu puxar da terra um caranguejo tão grande como nunca havia visto na vida. Ficou feliz, imaginando logo por quanto tempo não precisaria se preocupar com o que se alimentar. Com alguma dificuldade, arrastou o animal até sua choupana, depois voltou aos rochedos para pegar os mariscos que havia recolhido.
De novo na choupana, observou que o caranguejo possuía uma fenda de uma ponta a outra de seu corpo. Com a ajuda de uma faca abriu a carapaça do animal e descobriu em seu ventre, para sua surpresa, uma menininha. Sua pele era da cor de nácar, emperolada, e seus cabelos longos cobriam todo o seu corpo. Ao afastá-los, percebeu que seu corpinho terminava na cauda de um peixe. Admirada e sem saber o que fazer, sem tirá-la do caranguejo, pegou-a e levou-a até uma feiticeira que vivia não muito longe dali, para aconselhá-la.
La chegando, a velha pegou o caranguejo, examinou, examinou a menina, sentenciando ao final que ela era filha da Rainha do Mar que tinha colocado-a ali provavelmente para protegê-la das focas. Orientou a velha a ir até os rochedos e deixar a criança o mais perto possível do mar. Assim ela foi, subiu os rochedos, deixou a menina sempre dentro do caranguejo o mais perto possível do mar e, finalmente, escondeu-se atrás de uma pedra.
Desta posição, viu o aproximar-se da mãe da menina, uma mulher de cabelos longos enfeitados com pérolas. Observou que seu corpo também terminava na calda de um peixe. A mãe da menina deslizou pelas pedras até alcançar a criança e, tomando-a nos braços, amamentou-a. Ainda com a menina em seus seios ela chamou a velha, chamou de uma maneira tão terna e doce que a velha assentiu, saiu de trás da pedra e se aproximou.
A mãe, entregando a menina em seus braços, pediu para que a velha cuidasse dela, mas que todos os dias, uma vez ao dia, trouxesse ela para que pudesse amamentá-la. Explicou ainda que era a rainha do mar e que o Rei Foca Havia matado seu marido e que agora procurava sua filha, por isso precisava protegê-la. Prometeu à velha que enquanto ela cuidasse de sua filha não precisaria se preocupar com o que comer.
Por dias que se transformaram em semanas e estas em meses, a velha cuidou da criança, trazendo-a uma vez por dia para ser amamentada, até crescer e estar forte o suficiente para acompanhar a mãe até as profundezas do mar. Mas daquele dia em diante, jamais voltou a passar fome ou frio e sempre que se sentia muito só ia até os rochedos, a menininha cada vez mais crescida, sempre aparecia com presentes do fundo mar e carinhos para a velha índia.











Conto chileno. Contribuição e adaptação de Keu Ribeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem-vindos!
Sua opinião é muito importante para mim.

SOBRE DIREITOS AUTORAIS

As fotos, figuras, textos, frases visualizadas neste blog, são de autorias diversas. Em alguns casos não foram atribuidos os créditos devidos por ignorância a respeito de sua procedência. Se alguém tiver
alguma objeção ou observação por favor contatar-me.
Namastê























CURRENT MOON