"...Quando a gente está apaixonado, quando a gente experimenta a paixão,
você quer segurar a pessoa e falar: "Fica na minha frente para eu te olhar...".
Não precisa nem casar, é só olhar, é só olhar...".
Tenho um poema em que eu acho que dei conta de falar isso, "A Terceira via":
Meu espírito - que é o alento de Deus em mim - te deseja
pra fazer não sei o que com você.
Não é beijar, nem abraçar, muito menos casar
e ter um monte de filhos.
Quero você na minha frente, extático
- Francisco e o Serafim, abrasados -,
e eu para todo o sempre
olhando, olhando, olhando...
Então eu acho que o Céu...,
quando a gente fala em experiência de mística,
da alegria inefável dos santos, isso está no olhar...
Então, você chega no Céu: "agora descansa, pára o mundo que eu vou olhar a face divina!".
Então, nem precisa casar mesmo, pode parar aí, que já está no Céu.
Eu acho que a poesia é isto: porque ela é algo que se mostra,
eu acho que a poesia é um fenômeno que realmente escapa ao poeta;
ele, coitadinho, é um proletário da coisa, um operariozinho,
um operário braçal. Então, há uma coisa, algo, algo, algo quer se mostrar...
E, para mim, a poesia é isto: aquilo que precisa ser visto, se mostrar, naquele momento."
ADÉLIA PRADO
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