Havia achado que morrer de amor não
era outra coisa além de uma licença poética.
Naquela tarde de regresso para a casa outra vez,
sem o gato e sem ela, comprovei que não apenas era possível,
mas que eu mesmo, velho e sem ninguém,
estava morrendo de amor.
E também percebi que era válida a verdade contrária:
não trocaria por nada nesse mundo as delícias do meu desassossego.
Havia perdido mais de quinze anos
tratando de traduzir os cantos de Leopardi,
e só naquela tarde os senti a fundo:
Ai de mim, se for amor, como atormenta.
( Memórias de minhas putas tristes - G. G. Marquez)
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