"Ele
falou com meu corpo através de atos. Meu modo antigo de ser deixava
tudo pendente e nunca decidia nada. Para mim, tomar decisões era algo
feio. Parecia injusto para um homem sensível ter de decidir. Foi quando
aprendi sobre decisão. Um gesto é um ato deliberado que é responsável
pelo poder que advém de tomar uma decisão.
Um
dia D. Juan me perguntou: Você acha que você e eu somos iguais? Eu era
um estudante universitário e um intelectual e ele era um velho índio,
mas eu fui condescendente e disse: Claro que somos iguais. Ele disse: Eu
não acho que somos. Eu sou um guerreiro e você é um frouxo. Seu mundo
débil de indecisão e tristeza não é igual ao meu.
Eu
fiquei muito insultado e teria voltado, mas nós estávamos no meio do
nada. Então eu sentei e fiquei absorvido nas armadilhas do meu ego. Eu
ia esperar até ele decidir voltar. Após várias horas percebi que D. Juan
ficaria ali para sempre se precisasse. Por que não? Para um homem sem
assuntos pendentes este é o seu poder.
Eu
finalmente percebi que este homem não era como meu pai, que podia tomar
20 resoluções de ano-novo e não cumprir nenhuma. As decisões de D. Juan
eram irrevogáveis enquanto durasse seu interesse. Elas podiam ser
canceladas apenas por outras decisões. Então cheguei perto e o toquei,
volltamos para casa. O impacto deste ato foi tremendo. Ele me convenceu
de que o caminho do guerreiro é um modo de vida poderoso e vigoroso.”
Carlos Castaneda.
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