Era uma vez...


"Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa
um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã,
o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando...cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas..."

12 de janeiro de 2012

ninguéns...



Os ninguem: os filhos de ninguem, os donos de nada
Os ninguem: os nenhuns, nenhunhados, correndo como lebres, morrendo na vida, fodidos, refodidos
que são, embora não sejam
Que não falam idiomas, mas dialetos
Que não professam religiões, mas superstições
Que não fazem arte, mas artesanato
Que não praticam cultura, mas folclore
Que não são seres humanos, mas recursos humanos
Que não têm rosto, mas braços
Que não tem nome, mas número
Que não figuram na História Universal, mas nas paginas policiais na imprensa local
Os ninguem custam menos que a bala que os mata"

(Eduardo Galeano. Seis historias de vida de mujeres narradas por ellas mismas. Buenos Aires, 1994)

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