Era uma vez...


"Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa
um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã,
o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando...cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas..."

9 de abril de 2010


Tudo me leva a crer que as marcações que nos deram para o desempenho da vida, passam ao lado do caminho por onde os nossos afectos poderiam fluir, conforme o que está escrito no mapa oculto do ser humano. Pressinto que continuamos fora do essencial e que as razões das circunstâncias - que, muitas vezes, são poderosas e reais - só servem para nos afastar dos enigmas que estão à frente das coisas e que nos caberia decifrar. Porque, algumas vezes até parece que a simplicidade emana do andamento da vida e que nos bastaria um pequeno gesto de espírito para passarmos para o lado de lá de tantas incomodidades que nos fazem viver como se tivéssemos calçado dois números abaixo da forma da alma.


António Alçada Baptistain "O Riso de Deus"Fevereiro 1994

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